A chinesa BYD concretiza em cerimônia nesta segunda-feira (9) a negociação para assumir o complexo industrial em Camaçari (BA), que antes pertencia à montadora americana Ford. Com expectativa de investir R$ 3 bilhões, a companhia conseguiu estímulos fiscais do governo estadual e pretende dobrar sua produção após 2024.
A empresa deve concluir o ciclo inicial de investimentos entre o fim de 2024 e o começo de 2025, com a finalização de uma fábrica de carros elétricos e híbridos, outra de caminhões e chassi de ônibus e uma terceira de beneficiamento de lítio para baterias. A expectativa é de uma produção inicial de 150 mil veículos. Segundo o conselheiro especialista da companhia no Brasil, Alexandre Baldy, a meta é aumentar a produção para 300 mil carros após o primeiro ciclo.
Entre os veículos de passeio, a montadora fabricará o BYD Dolphin, o BYD Song Plus e o BYD Yuan Plus em suas fábricas.
O governo baiano já havia anunciado na última quarta-feira (4) o acordo de reversão com a Ford para retomar o controle do complexo como uma forma de resolver o impasse entre as montadoras sobre a troca do controle.
O governador do Estado da Bahia, Jerônimo Rodrigues, assinou um projeto de lei pactuado com a companhia chinesa que prevê a isenção de 100% do IPVA de veículos elétricos até R$ 300 mil e fixar em 2,5% o imposto para aqueles acima de R$ 300 mil. O PL será encaminhado à assembleia legislativa da Bahia.
O mandatário estadual também disse que os governos federal e estadual devem comprar veículos da companhia em trocas de frota de carros e ônibus.
O CEO global da empresa, Wang Chuanfu, que conversou por telefone com o presidente Lula antes da cerimônia, diz que a vinda da empresa para o Brasil representa a reconstrução da indústria automotiva no país.
Toda a cerimônia foi regida pelo clima de mistura entre Bahia e China. Na abertura, o vice-presidente Geraldo Alckmin literalmente entrou na roda do Grupo Roda de Samba, que se apresentava no palco.
A CEO da BYD nas Américas, Stella Li, diz que a empresa espera atrair novos negócios e fomentar o desenvolvimento local e a tecnologia, no que espera tornar o “Vale do Silício brasileiro”. Além do investimento em fábricas, a companhia também criará um centro de pesquisas na Bahia focado no desenvolvimento de um modelo de veículo híbrido à base de etanol.
Essa é a segunda fábrica de veículos da companhia fora da China. Como relatou ao InfoMoney anteriormente, o conselheiro especialista da companhia no Brasil, Alexandre Baldy, a empresa poderia ter ido ao México, mas preferiu o Brasil devido ao peso simbólico de ser o “país da Amazônia”.