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Quem ganha e quem perde com o ‘boom’ da BYD e GWM no Brasil

As montadoras chinesas de carros elétricos, como a BYD e GWM, estão inundando o mercado brasileiro com modelos com preços baixos e alta tecnologia, obrigando os concorrentes a baixar seus preços.  No ano passado, os brasileiros compraram 94 mil carros elétricos, uma alta de 91%. A maior parte foi da BYD (19%) e da GWM (12%). 

Esse crescimento acelerado deve ajudar a fechar o gap do Brasil em relação a outros países quando o assunto é a eletrificação da frota.  Hoje, apenas 5% das novas vendas de carros são de elétricos no Brasil, em comparação a 16% nos Estados Unidos, 29% na China e 56% no Reino Unido.  

“Essa nova onda de carros elétricos chineses é diferente da onda dos carros chineses importados, de 2011/2012,” o analista Victor Mizusaki, do Bradesco BBI, disse num relatório de hoje. “Ainda que a concorrência continue a ser impulsionada por preços baixos, dessa vez os carros elétricos chineses têm alta tecnologia, qualidade e padrões de segurança.” Essa mudança estrutural no mercado vai beneficiar algumas empresas listadas na Bolsa — e prejudicar outras.  

Para o Bradesco, o maior beneficiário é a WEG, cuja receita deve crescer com o aumento dos investimentos em geração de energia renovável; com o fortalecimento da rede elétrica; estações de recarga de carros elétricos; e os powertrains que a empresa fabrica para a indústria automobilística.  

Outras companhias que podem ganhar com essa tendência são a Simpar e a JSL — que podem expandir o número de concessionárias da BYD e GWM e assinar novos contratos logísticos com essas empresas — e a Tupy, que fabrica um bloco de motor ultraleve para carros elétricos e híbridos.  

“Por outro lado, a Metal Leve pode perder receita por conta de sua exposição aos motores a combustão. A Iochpe-Maxion e a Randon também podem perder receita na medida em que as montadoras tradicionais percam market share, mas essa receita pode ser substituída por novos contratos,” escreveu Mizusaki.  

Outro setor que deve sentir um impacto é o de locadoras de veículos, já que os custos de depreciação podem aumentar dada a precificação agressiva das montadoras chinesas.  O Bradesco também analisou o impacto do novo imposto sobre importação de carros elétricos aprovado recentemente pelo Governo. 

Esse imposto passará a ser cobrado de forma escalonada, começando em 10% a 18% este ano e subindo para 35% em 2026. “Esse imposto não parece suficiente para segurar a onda dos carros elétricos chineses no Brasil,” escreveu o analista. 

“Primeiro, as montadoras chinesas podem reportar margens de lucro de até 6%, mesmo considerando o imposto de 10% a 18% em 2024 e nenhum repasse de preços. Em 2025/2026, o imposto sobe para 25% e 35%, respectivamente, mas isso é mitigado pelo início da produção local da BYD e GWM, que vai levar a uma recuperação das margens de lucro.” O Bradesco nota que os subsídios e a regulação foram fundamentais para impulsionar o crescimento dos carros elétricos. Não mais. 

“Hoje em dia, a escala de produção e uma queda acentuada no preço das baterias tornaram os carros elétricos mais acessíveis.” A estimativa do banco é que os carros elétricos e híbridos representem 35% das vendas totais de carros no Brasil em 2030.

Fonte: https://braziljournal.com/quem-ganha-e-quem-perde-com-o-boom-da-byd-e-gwm-no-brasil/ 

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