A Mercedes-Benz projeta um mercado de ônibus de 21 mil unidades para este ano, volume que seria o maior desde 2019 caso o desempenho comercial esperado pela fabricante se concretizar em dezembro. De acordo com Walter Barbosa, diretor de vendas e marketing, jogam a favor da previsão o retorno da demanda no país após dois anos
difíceis.
“Os dois anos anteriores foram sofríveis em termos de pedidos. Havia pouco cliente podendo ou querendo comprar um ônibus. Este ano estão melhores as demandas porque os operadores voltaram com mais apetite em função da renovação de frota de veículos Euro 5 por Euro”, disse o executivo na terça-feira, 13, em transmissão online.
A projeção divulgada pela montadora considera o melhor cenário, ou seja, aquele em que estarão restabelecidas as entregas de componentes nas linhas de montagem, principalmente semicondutores. A própria Mercedes teve de interromper a produção da fábrica de São Bernardo do Campo (SP), pela quarta vez no ano, por causa da falta de
chips.
“Não acredito em um mercado menor do que 17 mil unidades, que já seria muito maior do que o registrado no ano passado. É possível alcançá-lo mesmo com a produção oscilando, com as montadoras ajustando o ritmo de produção de acordo com a disponibilidade dos componentes”, contou Barbosa.
Até junho, apontam os dados do Renavam divulgados pela Anfavea, os licenciamentos de ônibus somaram 7,2 mil unidades, volume 2,6% inferior àquele registrado pelas montadoras no primeiro semestre do ano passado. O total licenciado em 2021 chegou a 13,9 mil unidades de ônibus.
A montadora promete para novembro o início da produção de um modelo de chassis de ônibus elétrico urbano na fábrica do ABC Paulista, o eO500U, com capacidade para 84 passageiros e autonomia de 250 quilômetros com quatro pacotes de baterias – o chassi foi desenvolvido para receber até seis pacotes do componente.
A Mercedes-Benz trabalha com a projeção de um mercado de 3 mil unidades de ônibus elétricos no país até 2024, considerando os projetos de mobilidade que estão em curso em algumas das capitais brasileiras. “Estamos negociando por ora um volume de 500 veículos elétricos com os operadores”, disse Barbosa.
O executivo explicou, ainda, que a companhia pretende criar um modelo de negócio envolvendo os veículos elétricos por meio de um ecossistema, no qual a empresa não figura apenas como uma provedora dos ônibus, mas também da estrutura operacional e financeira, entregando também equipamentos de recarga, serviços digitais e ferramentas
de financiamento.
A respeito do aumento da concorrência neste segmento , o diretor de vendas defendeu que as fabricantes entrantes no mercado façam investimentos em produção no país – hoje está válida a redução do imposto de importação de 35% para zero, algo que segundo o executivo “deixaria a competição mais honesta”.
Atualmente produzem modelos de ônibus elétricos no país, a Volkswagen Caminhões e Ônibus, a chinesa BYD, a Marcopolo, que desenvolveu um projeto próprio de chassi elétrico, e a Eletra, que monta veículos com chassis da própria Mercedes-Benz e carroçaria Caio.
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