O mês de agosto acabou trazendo um certo alívio para o setor. Logicamente, tal feito se deu pelo fato de agosto ser aquele mês que possui 31 dias, três meses e cinco anos de duração.
Com 23 dias úteis, as vendas de carros no mês totalizaram mais de 194 mil unidades, gerando um crescimento de 15% sobre o mês de julho, quando tivemos 169 mil carros vendidos – ou alta de 22,5% sobre agosto do ano passado.
De fato, o resultado deste mês foi excepcional! Esse foi o melhor desempenho dos últimos 20 meses, desde dezembro de 2020.
Mas, apesar deste excepcional resultado, no acumulado do ano o setor amarga perdas de quase 9% sobre o mesmo período do ano passado. Para “empatar” o resultado deste ano sobre o de 2021, teríamos que ter mais quatro meses “tipo agosto”.
Então, está aí uma missão (impossível) que nem Tom Cruise conseguiria resolver!
Mas o que se destacou nesse glorioso mês?
O que vem salvando o setor são as vendas dos SUVs. Neste ano, quase 36% de todos os carros vendidos foram dessa categoria. Outro segmento que se destacou foi o dos Sedan pequenos (como Voyage e Cronos), graças às locadoras.
Do resto, continuamos com tudo dentro da normalidade: a picape Strada continua sendo o carro mais vendido; na linha de hatch pequeno, o Hyundai HB20 desbancou o GM Onix e deverá encerrar o ano como o hatch mais vendido; e, na linha SUV, o VW T-Cross é o mais vendido.
Mas o grande destaque do ano – sendo o nosso “Salvador da Pátria” – vem sendo as locadoras.
Se as vendas bateram no mês de agosto 194 mil unidades, quem impulsionou isso foram as locadoras. O volume de carros comprados por elas foi superior a 40 mil unidades. Elas foram responsáveis por terem comprado mais de 22% de todos os carros vendidos em agosto.
De fato, as locadoras conseguiram ultrapassar a mítica barreira dos 20% de share. Ou seja, 1 em cada 5 carros vendidos em agosto foi para elas.
O que notamos é que o mercado automotivo mudou. Aquela relação (desde sempre) “montadora -> concessionária -> consumidor” teve a inclusão de um novo player importantíssimo. A nova dinâmica é: “montadora -> concessionária e/ou locadora -> consumidor”.
A importância das locadoras nas vendas de veículos é de 3,5 pontos percentuais. Se o mercado automotivo está com retração acumulada de 8,8% neste ano, sem as locadoras o tombo do setor seria de 12,2%.
OK! A gente sabe que as locadoras ficaram um bom tempo praticamente sem “ir às compras” nos últimos dois anos. E, no atual momento, elas estão “lavando a égua”!
O ponto central é que agora se desenha um momento interessante para se analisar. Neste período em que as locadoras foram “preteridas”, as montadoras nunca ganharam tanto dinheiro.
Agora, com o mercado virando (mais uma vez) com incertezas políticas/econômicas; ausência de crédito; consumidor ressabiado; entre outros pontos, as locadoras voltaram a ser a salvação da indústria.
O conceito geral é saber como as montadoras irão lidar com esse (não tão) novo player que se consolida cada vez mais na dinâmica automotiva. Neste mês que passou elas (as locadoras) marcaram de vez a sua posição (e importância) no setor. Afinal de contas – em linhas gerais – três empresas deterem mais de 20% das vendas da indústria, “né brinquedo não”!