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O início do fim do carro elétrico no Brasil

Fim da isenção de Imposto de Importação para carros elétricos pelo governo emperra chances do desenvolvimento deles no país

Há exatos sete dias, fizemos um texto mostrando a chegada do novo carro elétrico da Volvo. Um SUV pequeno “topzera”, na faixa de R$ 220 mil, que tenderia a dar uma nova dinâmica para o mercado de carros eletrificados.

Mas, no melhor conceito BandNews FM, “em 20 minutos, tudo pode mudar”. Eis que o atual (des)governo brasileiro acabou de enterrar qualquer sobrevida ou chance de desenvolvimento do carro elétrico no mercado brasileiro!

Mas, afinal de contas, o que aconteceu?

Pois bem, o (des)governo federal declarou que encerrará a isenção do Imposto de Importação para carros elétricos e que voltará a cobrar a alíquota vigente.

E qual é o “tamanho da mandioca”?

É de “singelos” 35%. Isso quer dizer que o carro novo lançado pela Volvo por R$ 220 mil deverá passar a custar por volta de R$ 300 mil. Ou seja, além dos impostos que a Volvo já paga, neste exemplo o (des)governo federal vai abocanhar mais R$ 80 mil. Numa analogia simplista, se o carro chegar por R$ 300 mil, praticamente a metade (ou até um pouco mais) do valor do carro será de impostos.

Mas calma! Segundo o secretário do MDIC, o aumento será escalonado em até três anos. Além disso, é por um motivo nobre, na visão do secretário: “o que podemos fazer para estimular a produção local? Tornar as importações um pouco mais difíceis ou mais caras”.

Deixa eu ver se entendi: existem dezenaS de montadoras no Brasil, algumas com quase 100 anos de história (a GM está por aqui há 93 anos, com fábrica e operando há 95 anos) e só agora perceberam que é necessário um “incentivo” para poder produzir um veículo eletrificado?

Nota do estagiário: excluo os japoneses da Toyota da pergunta acima

O grande problema de quase todo (des)governo é que tentam emplacar uma medida falida esperando um resultado diferente!

Vamos aos exemplos: para começar, tem o último “desconto patrocinado” pelo (des)governo federal com valores entre R$ 2 mil e R$ 8 mil que não serviu para muita coisa.

Mas se a alegação é que a indústria estava megaestocada com quase 251 mil veículos no mês de maio e muitas sinalizavam que parariam suas produções fabris, acredito que hoje, com os seus quase 245 mil veículos estocados, deveremos ter novas paralisações das fábricas até o final do ano.

Pois, afinal de contas, o nível de estoque se manteve inalterado – na estratosfera. Além disso, a atividade econômica anda de lado como caranguejo e o crédito automotivo se encontra em LINS (Lugar Incerto e Não Sabido).

Essa última medida veio para frear a ascensão de algumas marcas como a própria Volvo, a GWM e a BYD – combinadas, as três marcas possuem 1,2% do mercado. Se pegarmos os outros carros elétricos vendidos por BMW, Porsche e afins, estamos falando de 1,5% do mercado.

Aqui faço um questionamento a você, caro leitor(a) casado(a): como foi seu processo para se casar? Aposto que a grande maioria seguiu o seguinte trâmite: se conheceram -> namoraram -> noivaram -> se casaram.

E o processo é o mesmo para qualquer negócio de grande investimento!

GWM ou BYD, por exemplo, vinham seguindo essa trajetória – e de forma até rápida. Elas vieram para cá estudar o mercado (“se conheceram”); começaram a importar seus produtos para testar a aceitação (“namoraram”); e estavam em fase de construção de fábrica e consolidação da marca.

O ponto aqui é que o (des)governo decretou que, daqui para frente, “só se casando”! Mesmo demonstrando a intenção de casar-se (no futuro), o conceito agora é: ou casa, ou vaza!

Medidas como essa já foram tomadas no passado, quando o (des)governo da presidente Dilma Rousseff implementou seu programa INOVAR-AUTO. Na época, decidiram limitar a importação de carros para 4,8 mil unidades/ano (400 veículos/mês), por marcar além de uma sobretaxa de 30% no imposto de importação.

Naquela época, marcas que estavam tentando se instalar no Brasil sucumbiram, como a JAC e a Chery – esta só ganhou sobrevida devido ao ‘Toque de Midas’ do falecido Dr. Carlos, criando a empresa CAOA-CHERY. O programa era tão ruim, mas tão ruim, que vários governos (Japão, Comunidade Europeia, Estados Unidos, Argentina e China) representaram contra o Brasil na OMC.

A conclusão da OMC na época foi que “a política industrial nacional é ilegal em três pontos: imposição de regime tributário mais pesado para bens importados do que aos nacionais; concessão de incentivos fiscais a quem produz localmente e oferta de subsídios às empresas exportadoras”.

Resumindo, a OMC decretou que o programa INOVAR-AUTO era ilegal!

Mas o estrago já havia sido feito.

Hoje, no melhor estilo Orloff (“Eu sou você amanhã”), a história se repete!

Marcas que estavam trazendo produtos de ponta, tanto em tecnologia como em motorização, irão repensar dez vezes seu business plan. Não é possível fazer uma mudança drástica deste tipo da noite para o dia. Ou porque o pessoal lá da Avenida Indianópolis fica choramingando com a invasão chinesa que está trazendo produto de ponta com custo aceitável (e isso vai impactar no meu PLR no final do ano).

Olha o tamanho da insegurança jurídica que a gente cria!

Isso sem levar em consideração que o atual (des)governo falar abertamente que é defensor ferrenho do “E” do conceito ESG.

Você acredita mesmo, caro leitor, que as marcas daqui irão fazer investimentos para a produção do carro eletrificado? Talvez na próxima década (com sorte)!

Enfim, o pessoal de Volvo, GMW, BYD e outras viveram um conto shakespeariano: “sonhos de uma noite de verão”. Pois, afinal de contas, a vida no Brasil é um pouco mais dura!

Mas parte da culpa é delas…

 

Fonte: www.infomoney.com.br/colunistas/o-mundo-sobre-muitas-rodas/o-inicio-do-fim-do-carro-eletrico-no-brasil/

 

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