O carro elétrico (ou eletrificado) é uma realidade (seja ela imposta pela cultura do ESG, ou não) que veio para ficar! Em algumas partes do mundo (mais na Europa), ele é uma realidade mais que consolidada.
E aqui em terras tupiniquins?
Bom… aqui o carro eletrificado ainda “não é assim uma Brastemp”, mas estamos chegando lá.
Ao longo da última década, a participação do carro eletrificado veio crescendo em progressão geométrica! No infame ano de 2022, o carro eletrificado será a matriz energética de 2,5% de todos os carros vendidos.
Neste ano, até a primeira quinzena de dezembro, já tivemos mais de 46 mil carros com esse tipo de motorização vendidos, contra um volume de quase 35 mil carros em todo o ano de 2021.
De fato, a procura pela motorização eletrificada foi a que mais cresceu neste ano. Enquanto o mercado registra retração de 1,6% (de janeiro a novembro) sobre o mesmo período do ano passado, as vendas de carros eletrificados cresceram “só” 143%.
Mas não foi só isso!
Tivemos também (por enquanto) a quebra de uma mítica barreira: pela primeira vez na história do mercado automotivo brasileiro, se venderão mais carros eletrificados do que movidos puramente à gasolina.
OK… estamos no limite técnico da participação de mercado. Mesmo assim, já se vendeu mais carro eletrificado do que movido à gasolina.
Outro ponto positivo é que várias montadoras estão vindo para esse setor. Se há 10 anos nós conseguíamos contar (na mão esquerda do nosso futuro presidente) quantas marcas atuavam com esse tipo de produto, esse número vem sendo crescente ano após ano.
Em 2021, tivemos a venda de carros eletrificados por 29 marcas. Neste ano, foram 35 marcas que venderam os seus produtos no mercado doméstico.
Mas, se afirmarmos que 2,5% dos carros vendidos são de veículos eletrificados, em algumas marcas a realidade é bem diferente! Nelas, a matriz elétrica já está presente em quase 100% dos carros vendidos no mercado brasileiro.
Como a Volvo, que vendeu – até o momento – a marca de 99,96% de carros eletrificados. Na real, para os vikings da montadora sueca, foram dois “velhos” carros à combustão perdidos no estoque da montadora, vendidos neste ano e que estragaram a marca “pura” de ser 100% eletrificado.
Mas, se a gente trabalhar com aquele arredondamento matemático de uma casa decimal, eles chegaram aos 100%.
Essa é a fotografia mais atual (e real) do setor de veículos eletrificados.
E o que este reles estagiário pensa?
O carro eletrificado é a oitava maravilha do mundo moderno! Mas o último gráfico aponta que ele só é realidade para aqueles consumidores que orbitam no “Mundo de Caras”.
Vejam as marcas que mais eletrificaram os seus produtos: Volvo, Land Rover, Porsche, Kia, BMW, Mercedes Benz, Audi, Toyota… só filé!
Além disso, devido ao fato de sermos um país continental, a popularização da eletrificação ainda demorará algumas décadas.
Precisamos de uma década para que os eletrificados atingissem uma participação de 2,5% nas vendas de carros. Daqui a dez anos, celebraremos uma participação de 6% a 8% do total de carros vendidos. O que – convenhamos – é muita coisa e um excelente resultado (levando em consideração que sou extremamente agourento/realista).
Para a eletrificação avançar, existem “n” fatores a serem resolvidos: linha de crédito ao consumidor, instalação de redes domésticas e privadas de carregamento, preço da eletricidade continuar sendo atraente ao consumidor, durabilidade das baterias, barateamento dos preços dos carros eletrificados (gerando escala para as montadoras). e, por que não, algum incentivo tributário… já que esse consumidor deixará de jogar algumas toneladas de CO² na atmosfera.
E isso tudo (sem mencionar o problema do fim de vida dos veículos) representa o 13º e o 14º trabalhos de Hércules.
Agora, o pessoal que falar qualquer coisa acima disso, para a próxima década, tem visto muitos gnomos e duendes por aí…