A Fiat encerrou mais um ano na liderança de vendas no Brasil. Segundo dados do Renavam compilados pela Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), a empresa acumulou 430.202 emplacamentos de automóveis de passeio e comerciais leves.
Mesmo com um volume 0,2% inferior ao registrado em 2021, quando emplacou 431.035 veículos, a marca abocanhou 22% do mercado nacional, resultando em ganho de 0,2 ponto porcentual frente ao ano passado.
Entretanto, quem mais cresceu em 2022 foi a GM. A vice-líder geral emplacou 291.418 unidades, representando alta de 20,3% em relação a 2021, quando amargou perdas com a crise dos semicondutores e fechou o ano com 242.108 unidades. Os bons números se refletem na participação de mercado, que passou de 12,3% para 14,9% – ou seja, incremento de 2,6 pontos.
O feito pode ser creditado em grande parte ao sucesso do Tracker, que encerrou 2022 como o SUV compacto mais vendido do país. Além dele, a dupla Onix e Onix Plus também impulsionou o crescimento da fabricante.
A Volkswagen, em contrapartida, teve a maior queda de participação em 2022. Se a empresa tinha 15,3% de market share em 2021, os resultados do ano passado causaram queda de 1,6 ponto, chegando a 13,7%. Esse cenário é reflexo direto da queda nos emplacamentos, que passaram de 302.270 veículos para 269.111 unidades.
Cenário completamente oposto viveram as asiáticas Toyota e Hyundai. Enquanto a primeira teve uma importante alta de 10,6% no número de emplacamentos (chegando a pouco mais de 191 mil unidades), mesmo diante de um mercado retraído, a Hyundai conseguiu um crescimento mais discreto de 1,9%. Houve também aumento na participação de mercado: de 1 ponto no caso da Toyota e 0,3 ponto no da Hyundai.
Ao contrário da Fiat, a Jeep não deu tantos motivos para a Stellantis sorrir. A fabricante teve queda de 7,5% no volume de emplacamentos, especialmente por causa do declínio nas vendas do Renegade, que em 2022 deixou de ser o modelo mais vendido da categoria, canibalizado, inclusive, pelo Fiat Fastback. Na participação de mercado, a marca perdeu 0,5 ponto de sua fatia. Já a sétima colocada, Renault, perdeu 0,7% do volume de emplacamentos em relação a 2021, mas manteve sua participação de mercado em 6,5%.
A Honda teve a queda mais severa nos emplacamentos entre as 12 montadoras mais bem colocadas. A marca, que havia licenciado 81.446 unidades em 2021, fechou o ano passado com 56.689 veículos vendidos, representando uma queda de expressivos 30,3%. Com isso, a empresa entregou aos concorrentes 1,2 ponto porcentual de participação de mercado – perda de espaço que só não foi pior que a da Volkswagen.
Os números da fabricante japonesa podem ser explicados pelas mudanças realizadas em seu portfólio. Isso porque a despedida de dois modelos bastante queridos pelo público (Fit e Civic) impactou diretamente no volume de vendas da Honda. As chegadas dos novos City Hatch, City Sedan e HR-V, que ainda não completaram um ano cheio de vendas, também influenciam no resultado de 2022.
Nona colocada, a Nissan teve queda de 17,3% nos emplacamentos e de 0,6 ponto porcentual na participação de mercado, enquanto a Caoa Chery conquistou a 11ª colocação mesmo com o expressivo declínio de 11,8% em volume de emplacamentos, que fez a empresa perder 0,2% de participação de mercado.
Apesar de ainda estarem longe da briga pelas primeiras posições, Peugeot e Citroën fecharam o ano com motivos de sobra para comemorar.
As empresas tiveram os maiores crescimentos no número de emplacamentos entre todas as fabricantes nacionais. A Peugeot, que já havia emplacado 29.549 unidades em 2021, encerrou o ano com 41.767 veículos licenciados. Além do expressivo crescimento de 41% nos emplacamentos, a marca ganhou 0,6 ponto de participação de mercado, passando a responder por 2,1% do total vendido no país.
A Citroën, por sua vez, não ficou muito atrás. Embalada pelo lançamento do novo C3 em agosto, a empresa teve alta de 37,5% no número de emplacamentos, passando de 23.354 unidades em 2021 para 32.121 veículos no ano passado. Isso fez com que a fabricante aumentasse sua presença no mercado em 0,4%, subindo de 1,2% para 1,6%.
É importante lembrar que as marcas oriundas da extinta PSA vêm apresentando bons resultados desde o início da gestão Stellantis, em 2021.
Com esses números, a expectativa é ainda melhor para 2023, ano em que ambas terão lançamentos importantes no país. A Peugeot deve apresentar o 208 com o motor 1.0 turbo de origem Fiat (que aposentará o veterano 1.6 16V), que chegará com a responsabilidade de manter o ótimo desempenho do hatch no país. A gama de veículos elétricos também será reforçada com novos produtos vindos da Europa.
Já a Citroën se prepara para a estreia de um inédito SUV de sete lugares, que por enquanto é conhecido apenas pelo codinome CC24. O produto será o segundo da estratégia C-Cubed, que previa o lançamento de três veículos inteiramente novos em três anos. O primeiro deles foi o C3, apresentado em 2022, e ainda haverá espaço para um terceiro modelo, possivelmente um sedã. É com eles que a Citroën espera chegar aos sonhados 4% de participação de mercado até 2024.