Eis que, finalizado o mês de maio, o buchicho do setor é o acordo automotivo que o governo federal implementará em algum momento no meio do mês de junho.
Antes de mais nada, deixamos clara nossa posição: qualquer medida que beneficie o consumidor ao adquirir algum bem e/ou serviço terá sempre nosso apoio incondicional! Afinal, se imposto fosse bom, ele não teria esse nome (IMPOSTO = OBRIGATÓRIO = COMPULSÓRIO = MANDATÓRIO), ele se chamaria “FACULTATIVO”.
Dito isto, o Governo Federal decidiu, no meio do mês passado, desonerar (???) o setor automotivo!
Como? O estagiário é a favor da desoneração e está criticando? Não precisa ficar surpreso! Explicarei: a medida foi (será?) boa, mas o timing foi terrível (para dizer o mínimo)…
O que aconteceu no setor:
No final de abril e início de maio, as pessoas da indústria estavam especulando sobre como seriam as vendas do mês de maio – como um boletim Focus (paralelo) do setor. O consenso era que maio seria um mês com um volume de 190 mil carros (os otimistas apontavam para 195 mil carros).
O mercado de veículos em maio teria um crescimento de cerca de 25% em relação a abril, ou 8% em relação a maio do ano passado. O que não era ruim…
O que aconteceu?
Maio fechou com 166,3 mil carros vendidos, um aumento de 9,7% em relação a abril (quando foram vendidos 151,7 mil carros) e uma queda de 4,9% em relação a maio do ano passado, quando foram vendidos 174,8 mil carros.
Mas o que causou essa queda? O governo (com seu timing terrível) aconteceu!
Quando o excelentíssimo vice-presidente (e ministro) anunciou no início de maio que haveria uma redução de impostos, ele AUTOMATICAMENTE travou o mercado!
Mas, é claro que aqui é o Brasil… e sempre podemos piorar! A data mágica para a publicação do decreto era 25/5 e, nesse dia, nada aconteceu… adiou-se a decisão em cerca de 15 dias.
Considerando que teremos um feriadão na próxima semana, qualquer decisão só deve ser efetivada por volta do dia 12.
Vamos quantificar:
A dinâmica do mercado é a seguinte: na primeira quinzena do mês, vende-se de 40% a 45% do nosso volume mensal e, na segunda quinzena, os outros 55% a 60%.
Veja a tabela abaixo:
O governo travou o mercado de tal maneira que, na primeira quinzena do mês passado, foram vendidos mais carros do que na segunda!
Essa inércia do governo em ter algo mais efetivo/prático (na redução da carga tributária) fez com que cerca de 25 mil a 30 mil consumidores adiassem a compra de carros.
A consequência disso é um efeito dominó:
O cliente adia a compra -> o vendedor de carros ganha menos -> o proprietário da concessionária ganha menos e, por isso, comprará menos carros no mês seguinte -> a indústria precisa reduzir a produção de carros -> o fornecimento na cadeia automotiva é afetado…
Isso sem mencionar o problema que os revendedores de veículos usados estão enfrentando e enfrentarão… já que a redução do preço do carro novo automaticamente impactará o preço de seus carros em estoque!
Vai desonerar? Faça! Não fique adiando essa medida por um mês!