A venda de veículos leves e pesados no Brasil continua em queda na comparação com o ano passado. Os dados foram divulgados nesta terça, 8, pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). A entidade, porém, acredita que a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) possa ter reflexos positivos já nos números de março.
Segundo o balanço da entidade, em fevereiro foram licenciados 129.275 unidades, o que significa uma discreta alta de 2,2% ante janeiro. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, porém, a queda é de 22,8%. No bimestre, o resultado também é negativo. Com 255.793 unidades entregues no acumulado, o desempenho ficou 24,4% abaixo do volume licenciado nos dois primeiros meses de 2021.
Na parte de automóveis e comerciais leves, foram 120.458 modelos comercializados, número 3,2% superior ao de janeiro, mas 24% menor que o de fevereiro do ano passado.
Apesar da queda no bimestre, o desempenho de fevereiro pode ser considerado significativo, uma vez que o setor ainda enfrenta problemas no fornecimento de semicondutores e o mês é tradicionalmente o “mais curto”. Mesmo com um dia útil a menos, a média diária foi de cerca de 6.500 unidades, contra 6 mil do mês anterior.
Já o segmento de pesados registrou um comportamento oposto. Em fevereiro, foram 7.943 unidades de caminhões e ônibus vendidos no país, queda de 8,8% ante as vendas de janeiro. Porém, no bimestre, as 16.648 unidades configuram alta de 2,1% em relação ao acumulado no mesmo período do ano passado.
Ainda de acordo com a associação que reúne as montadoras, os estoques de fevereiro somaram 6 mil unidades e o total chegou a 120 mil veículos. Considerando montadoras e rede, os estoques chegam a 27 dias. Com o recente anúncio da redução do IPI, a Anfavea acredita que março poderá ser um momento de retomada.
“Esperamos que março seja melhor. A média diária já está melhor e tem o impacto do IPI, que deve ajudar em um mês que não tem feriados e que tem mais dias úteis para ajudar os volumes do setor”, aposta Moraes.
A medida do Governo Federal, inclusive, foi elogiada e considerada “corajosa” pelo presidente da Anfavea. O executivo ressaltou que um grupo de trabalho da entidade criado há três anos atrás para analisar a reforma tributária vem discutindo a redução e a futura eliminação do IPI.
“Concluímos que o IPI não faz sentido dentro da reforma tributária e começamos a discutir com o ministro da Economia Paulo Guedes formas de reduzir de forma horizontal o imposto e caminhar para a reforma tributária. Já que o IPI não vai existir no futuro, por que não promover a redução do IPI para estimular o consumidor?”, explicou Luiz Carlos Moraes.